No domingo a noite os moradores do Morro da Favela (Providência) começaram a mobilização por volta das 23:00hs, jovens do local e moradores de outros cantos do Rio de Janeiro se juntaram para o início dando fim a noite. Diferente de sábado, a comunidade pulsava silenciosamente. Marcia Eva na escada com outros moradores, mesmo cansada recebia quem chegava e levava até a quadra na qual a SMH – Secretaria Municipal de Habitação quer destruir para fazer uma estação de teleférico no lugar.
Um grupo de meninos jogava futebol, pais acompanhavam sentados no banco ao lado. Marcia ia tentando mobilizar os moradores, Caio corria, jogava futebol, soltava as pipas da imaginação e as pessoas ficavam ali, meio que paradas, aterrorizadas em olhar para aquele lugar que poderia não mais existir. Mas o pulso ainda pulsa.
Daí nao tem nem como não falar de Dona Rosiete, uma verdadeira líder comunitária há 25 anos. Ela se apresenta ao enredo da noite, também um pouco cansada, mas carregando panela, sacolas e esperanças. Ela nasceu, cresceu e além de viver ali, luta por manter o conquistado através do esforço, num lugar, onde segundo ela, a luta maior sempre foi pela vida.
Foi aniversário de nove anos de sua neta mais velha, teve bolo, festa e brigadeiro. Daí ela mudou de cenário para continuar sonhando que seus netos, filhos, vizinhos, parentes, toda essa grande família da Providência, possa celebrar por muito mais tempo a vida. Acompanhada das Marcias, elas decidiram desde muito tempo a seguir noite a dentro. A avó leonina tem força de leão para resistir, mas voz suave, olhar doce e penetrante que nos sensibiliza. E, ela não desanimava, mesmo sem a presença dos moradores, ia picando cenoura, cortando cebola e cozinhando além do sopão, uma história de vida gigante.
Talvez a lua cheia que iluminava aquela noite e alma daquelas pessoas. Mas todos estão cheios. Cheios de intervenções governamentais que não os ouvem, que desconsideram a coisa mais valiosa existente que é a vida e o direito à ela, à moradia e à dignidade que mesmo na adversidade, fizeram brotar, mesmo sempre esquecidos, relegados historicamente do contexto da cidade, é ali que eles dotaram de sentido e significado suas existências. E, foram felizes, guerreiros, correndo por becos, brincando na quadra, admirando a lua e a vista, tão cobiçada, de onde lançaram-se no mundo.
O dia ia despertando mas o sol entra em sincronia com uma realidade que também está encoberta e maquiada pelas “autoridades”. O sopão ficara pronto, o dia começava, os moradores circulavam pelas ruas, Rosiete e Marcia estão exautas, mas altivas. Chegam outras pessoas, mas pouco moradores. Todos em fentre a quadra ficam, a luz do sol aparece, o dia esquenta, Leo, Edmilson, Rafael e outros vão documentando em imagens, a curiosidade e intresse faz surgir mais pessoas e e os representantes do “social” da SMH dão o ar da graça entregando um comunicado de intervenção do Consórcio Rio Faz.
Mas quem faz são moradores que ali estão. Fizeram suas vozes ecoar, suas histórias foram escancaradas pra que não restasse dúvida, que ali mesmo em pouco número, eles estavam de olhos bem abertos e dispostos a lutar. Sim, são poucos e há inúmeros motivos para serem poucos, mas eram de uma força capaz de silenciar discursos que tentavam tapar o sol com a peneira. Se não falou que era agora? O povo ta aqui, tá aqui pra ouvir, ta aqui pra contestar.
No fim da manhã, que na verdade foi o começo, o sopão era servido. Esperamos que alimente mais indignação e resistência. Os olhos de Rosiete brilham e o sorriso surge, também certa de nada, mas ciente de tudo, agora acompanhada por outras vozes da família providência, o Morro da Favela.
Na Luta pela vitória, pelo Triunfo, no Morro é “nós!”
Texto Coletivo por: Mirian Benetti e Léo Lima
No dia 19 de Julho (hoje) a mobilização continua às 8:00 da manhã. Se quiser, o Morro estará de braços abertos pra você, pode subir, basta querer!
Parem de usar este espaço para fazerem demagogia, e deixem o poder público trabalhar fazendo um comunidade mais digna , ninguém esta sendo retirado a força de lugar nenhum pelo contrário estão reconhecendo o empenho do governo em dar condições de vida melhor para quem vive em comunidades do rio de janeiro.
ResponderExcluirtá de sacanagem né? 400 reais pra alugar uma casa em troca da casa que você cresceu, que tem ali sua identidade enraizada? não, eles não estão saindo de lá por que estão reconhecendo o empenho do governo em dar condições melhores de vida e sim por pressão, pelo poder coercitivo que a maquina chamada ESTADO exerce, favorecendo as grandes construtoras, olhando sempre por aqueles que consomem nosso país do que por aqueles que o constroem. Demagogia? pode até ser! mas creio que seu comentário está cheio de egoismo. Quem sabe um dia não chegue até a sua casa, até a sua família!
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