domingo, 30 de junho de 2013

Menos dinheiro pra Copa, mais pra saúde, passe livre e educação

Na noite da última quinta-feira, 27 de junho, as tradicionais marchas pelo centro da cidade, chamadas pelo Bloco de Lutas Pelo Transporte 100% Público, deram lugar a um ato cultural na Praça da Matriz, onde se encontram a Assembleia Legislativa, o Palácio da Justiça e o Palácio Piratini, sede do executivo gaúcho. O ato fez parte do Dia Nacional de Lutas chamado por diversos sindicatos e movimentos sociais e estudantis. Cerca de 15 mil pessoas encheram a praça e as ruas ao redor para reivindicar o Passe Livre, repudiar a criminalização dos Movimentos Sociais e dizer que preferem mais investimentos para educação e saúde e menos para Copa.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Comitê Popular da Copa-SP pergunta: Polícia Militar pra quem?

Na cidade e no campo, o Brasil tem uma história longa de criminalização dos movimentos sociais. Desde as revoltas na época do Império, passando pelas greves gerais do começo do século XX e chegando até o tempo pós-ditadura, com massacres promovidos pela Polícia Militar, como o do Carandiru (1992), o de Eldorado dos Carajás (1996) e os crimes de maio de 2006, que originaram o surgimento das Mães de Maio, lutadoras que buscam verdade e justiça para seus filhos - e todos os outros jovens majoritariamente pobres e negros assassinados ou encarcerados pelas periferias do país. Entre 2000 e 2011, foram mais de 4.600 mortos pela PM em São Paulo, considerando apenas as denúncias que chegaram até a Ouvidoria da própria corporação.

Esta semana, pela primeira vez em sua gestão, a presidenta Dilma Roussef recebeu pessoalmente um movimento social: o MPL (Movimento Passe Livre), que há 8 anos luta pelo transporte público gratuito e de qualidade para todos. Isso não aconteceu da noite para o dia: foram diversos grandes atos pelo país que, até serem retratados como manifestações "de bem" pela mídia, tiveram o mesmo tipo de tratamento violento por parte da polícia. O dia 13 de junho marcou, em São Paulo, uma nova batalha da Maria Antônia, que terminou com mais de 200 pessoas detidas e muitas outras feridas - entre elas, 20 jornalistas, com um deles tendo perdido a visão de um olho.

(Foto: Ramiro Furquim)
Enquanto Comitê Popular da Copa – São Paulo, não podemos deixar de notar que todas as nossas lutas são atravessadas pela mesma questão: a presença da Polícia Militar como "mediadora" do conflito. Nas manifestações populares, é esta corporação que determina o começo e o fim, muitas vezes impedindo o trajeto do ato e reprimindo quando acha que é hora de reprimir. Nas remoções forçadas, também é a PM quem faz o trabalho sujo de expulsar moradores de suas casas - está aí o Pinheirinho pra não nos deixar esquecer. No tratamento dos trabalhadores ambulantes, é outra vez a PM quem extorque, agride e prende quem ousa desafiar seu poder quase feudal. Nas ruas, nem é preciso dizer muito: é mais uma vez a PM quem persegue, agride, prende e mata os sem-teto e os usuários de droga dos grandes centros urbanos do Brasil. No campo não é diferente: sem-terra e indígenas recebem o mesmo tratamento truculento quando a PM é chamada para "dialogar". E também é a PM que reprime as torcidas nos estádios.

Hoje, a Força Nacional de Segurança, que reúne polícias militares de diversos estados, está presente em 5 das 6 cidades-sede da Copa das Confederações: Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza. Em um ano, estarão presente em todas as 12 cidades-sede da Copa da FIFA, e as notícias de violência nas manifestações que recebemos hoje certamente se repetirão. Mas isso ainda pode ficar pior: com a aprovação da Lei Geral da Copa, foi criado um "estado de exceção" que permite à FIFA demandar e ao poder público fazer uso das Forças Armadas, que receberam mais de 1 bilhão de reais de recursos públicos para fazer a segurança apenas destes eventos. Além disso, está em vias de aprovação o PL 728/2011, conhecido como "Lei Anti-Terrorismo", que propõe a criação de uma nova categoria de crime no Brasil: o terrorismo, um amplo "guarda-chuva" onde podem ser enquadrados desde grevistas até manifestantes, passando, é claro, pelos movimentos populares.

A Polícia Militar é dividida hierarquicamente entre oficiais e praças, havendo um abismo entre as duas categorias, com os oficiais tendo privilégios (como as maiores aposentadorias do país!) e os praças servindo, quase sempre, como "bucha de canhão" - abismo muito bem retratado no filme Tropa de Elite. Enquanto trabalhador, o policial militar não tem direito de greve - qualquer greve é tratada como motim, sendo passível de expulsão da corporação; é submetido ao Superior Tribunal Militar, onde o principal crime julgado é (pasmem!) o uso de maconha por jovens nos quartéis; e, dependendo da patente, é proibido de dar entrevistas ou expressar sua opinião pessoal. De quase 100 mil policiais militares em São Paulo, cerca de 5.000 são oficiais, apontados nas denúncias como os maiores responsáveis pelas mortes nas periferias.

Por seu caráter militar, a estrutura da PM é tão fechada que não há nem sequer uma corregedoria independente para apurar os crimes cometidos por policiais. Não há, assim, nenhum controle externo sobre as ações da corporação.

Na cidade de São Paulo, vivemos por anos tendo oficiais da reserva da Polícia Militar como subprefeitos em 30 das 31 subprefeituras. Na última eleição municipal, foram três vereadores eleitos, entre titulares e suplentes, oriundos de uma carreira militar. Eles constituem a famigerada "bancada da bala", defensora de práticas violentas e de leis que remetem à época da ditadura. Estamos sendo comandados e legislados há tempos por militares, que, atendendo ao crescente clamor por "lei e ordem", acabam de criar o Partido Militar Brasileiro.

Coincidentemente ou não, nas recentes manifestações pelo país em que não houve presença ostensiva e ativa da Polícia Militar, não houve também episódios de violência contra os manifestantes. "Que coincidência, não tem polícia, não tem violência", cantavam milhares de pessoas pelo Brasil afora.

A sociedade brasileira encara hoje um conflito: de um lado, o aumento da presença de militares na vida política do país; de outro, a voz de milhares de pessoas que sofrem com a violência policial e que desejam um outro cotidiano. O Comitê Popular da Copa-SP já fez a sua escolha: pela desmilitarização da polícia; pelo fim do uso de armas menos letais; pelo fim dos assassinatos cometidos pela PM nas periferias e no campo; pela liberdade de manifestação antes, durante e depois da Copa.

Porque não se trata de maus policiais ou de falta de preparo: é a própria existência de uma polícia com caráter militar, oriunda da ditadura também militar, que tem que ter um fim.

Domingo, 30 de junho, final da Copa das Confederações, no Vale do Anhangabaú, o 4º ato "Copa Pra Quem?" traz uma nova pergunta: Polícia Militar pra quem?

Comitê Popular da Copa – SP

Porque a Copa do Mundo pode ser diferente!

Texto da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa – ANCOP

O Brasil vive um novo momento com as mobilizações populares nas ruas. Desde a semana retrasada, a Jornada de Lutas – Copa pra Quem? se soma ao Movimento Passe Livre e as manifestações pela redução da tarifa do transporte público, na luta por direitos para o povo e contra o modelo de repressão e exclusão social que hoje vigora em nosso país.

Em todos os jogos da Copa das Confederações até o momento, presenciamos a brutal repressão dos Governos em nome dos interesses da FIFA e de seus patrocinadores. Reafirmamos que todos os atos que promovemos foram pacíficos e que não impediam o acesso dos torcedores aos estádios.

Lutando pela liberdade de expressão e manifestação, mas assistimos a ação das forças de repressão ao movimento, que resultaram em muitos feridos e em prisões arbitrárias. Acreditamos que a criminalização dos atos e das lideranças só evidencia o caráter ditatorial do Estado capitalista no Brasil.

Entendemos que a Copa do Mundo é um negócio imposto pela FIFA - conjuntamente com os grandes conglomerados empresariais e compactuado pelo Estado Brasileiro - que viola os direitos humanos. Direitos sociais conquistados com muito esforço no Brasil estão sendo suprimidos para a realização desse negócio. Entendemos que a ação política é um direito fundamental que nos constitui como cidadãos responsáveis pela construção do mundo humano, onde todos, para serem livres precisam ter assegurado seus direitos, especialmente o de falar e o de ser ouvido.

(Foto: Marcos de Paula)

As mobilizações populares já conseguiram reduzir tarifas em várias cidades do país. Para nós, somente a luta popular poderá construir um novo modelo de inclusão e participação social, um novo modelo de cidade que resgata o direito de quem vive nela: o povo. Em união e respeito às lutas que se seguem, convocamos todos(as) e em todas as cidades do Brasil a se unirem no dia 30 de junho em uma grande mobilização no encerramento da Copa das Confederações para juntos na rua reivindicarmos: Copa pra Quem?

Vamos reforçar a luta iniciada em 2010 pelos Comitês Populares que organizados nas 12 cidades sede dos jogos no país, vem apoiando os movimentos sociais e as comunidades na sua luta por direitos ameaçados pelos megaeventos. Já fizemos reuniões com os governos, elaboramos relatórios sobre as violações aos direitos humanos e com apoio de diversas organizações, conseguimos denunciar as violações mundo afora. Em especial, a própria ONU já interveio questionando e exigindo a paralisação das remoções e a construção de política de moradia digna no país, dado que o Minha Casa Minha Vida e seus derivados atendem primeiro aos interesses da especulação imobiliária.

A Jornada de Lutas – Copa pra Quem? tem por objetivo fazer as denúncias de violações de direitos abaixo listadas e exigir respostas urgentes do poder público.

Hoje são 250 mil pessoas ameaçadas ou que já foram removidas de suas casas por causa de alguma obra relacionada com a Copa (2014) ou com as Olimpíadas (2016). Por isso, entendemos que as remoções devem ser consideradas como última alternativa, mas caso sejam realizadas, cada casa removida deve primeiramente ser compensada com outra em igual ou melhor condição na mesma região. Exigimos a paralisação de todas as obras até a resolução do problema das remoções.

Nas edições anteriores desses jogos mundiais, houve um aumento da exploração sexual de crianças e mulheres. Lutamos para a proteção das crianças, adolescentes e mulheres, alvos constantes das máfias da exploração sexual. Exigimos urgência na elaboração de medidas efetivas e que atendam as prerrogativas do ECA e dos direitos das mulheres, com a criação de um Plano Nacional de Proteção à Exploração Sexual nos Megaeventos. Além disso, exigimos que não sejam decretadas férias escolares durante os eventos, para garantir que as crianças tenham seu direito à educação garantido.

Nos últimos dois anos presenciamos a destruição de estádios para a construção bilionária de arenas de caráter elitista no “padrão FIFA”. Desde o início denunciamos que não era necessário, para se jogar futebol, a realização de quase nenhuma destas obras. Exigimos a reversão da fraudulenta e criminosa privatização do complexo Maracanã e a paralisação do processo de privatização dos outros estádios. Exigimos que os estádios construídos não sejam privatizados e que possam ser utilizados para a promoção da prática esportiva e cultural da população de cada cidade.

Exigimos uma auditoria com participação popular em todas as contas da Copa e das Olimpíadas, desde a construção dos Estádios até a compra de ingressos para autoridades políticas, tendo em vista o uso do dinheiro público para estas obras.

Exigimos que o direito ao trabalho seja respeitado. Não existe justificativa, fora o interesse do lucro de grandes monopólios mundiais, para a proibição do trabalho dos ambulantes, dos artistas e dos camelôs durante os jogos. Repudiamos a exigência de fechamentos de locais de trabalho ou da venda de produtos exclusivos dos patrocinados.

(Foto: Ricardo Matsukawa)
Exigimos que a criatividade cultural e artística brasileira seja valorizada e promovida. Queremos que a renda da Copa venha para os brasileiros e que nossos produtos locais sejam oferecidos aos turistas.

Exigimos que o mascote e todos os nossos símbolos que estão sendo usados para divulgar a Copa do Mundo não sejam propriedade da FIFA. Devem ser patrimônio público e, portanto, de livre uso por parte do povo.

Exigimos que os governantes parem de expulsar a população em situação de rua das regiões próximas aos estádios e dos centros das cidades.

Defendemos que ainda é possível realizar uma Copa do Mundo diferente. Uma Copa que olhe primeiro para os direitos do povo brasileiro e somente depois para as exigências da FIFA. Uma Copa que promova a inclusão social e fortaleça o direito a cidade, ao invés de uma Copa que induza a exclusão e a privatização dos espaços públicos. Não queremos que a Copa seja regulada por leis de exceção que favorecem a repressão.

As recentes conquistas das ruas e a solidariedade recebida dos jogadores da seleção brasileira e diversos outros artistas e esportistas mostram que somos muitos. Por isto lutamos, por isto vamos às ruas. Por isto convidamos todos e todas para o dia 30 de junho. Venha para a rua e questione com a gente: Copa para Quem?

Centenas ocupam Largo Glênio Peres em Porto Alegre para questionar efeitos da Copa

Crédito: Leandro Anton/ Quilombo do Sopapo
O Ato Copa para quem? - Tribuna Popular da Copa: julgando o AI6 juntou cerca de 500 pessoas no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre, na sexta-feira, 14. Pela paralisação imediata das remoções das famílias atingidas pelas obras da Prefeitura Municipal, de preparação para a Copa de 2014, e a não privatização dos espaços públicos. O ato na Capital gaúcha foi uma das atividades da Jornada Nacional "Copa pra quem?", que aconteceu  nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, organizada e convocada pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) e a Resistência Urbana - Frente Nacional de Movimentos. Manifestações semelhantes com a de Porto Alegre também aconteceram em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba (PR) e Natal (RN), entre outras.    


“Famílias que estão sendo removidas exigem respeito”, disse Claudia Favaro do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre. Só a duplicação da Av. Tronco, que corta a Vila Cruzeiro e o bairro Cristal, na zona sul da cidade, e que é uma das principais obras para o evento na capital, implica a remoção de 1.500 famílias que convivem com a incerteza. Muitas casas já foram demolidas, mas as novas unidades habitacionais da região não foram construídas. “Estamos pedindo moradia digna e lutando por nossos direitos”, disse José Araújo, morador da região.

Os moradores recebem um “Aluguel Social” para ficarem aguardando a construção de novas casas. Os que não podem esperar acabam por deixar a região, recebendo o valor de R$ 52 mil. Este é um valor que não permite a compra de uma casa na região. A duplicação da Av. Tronco é uma obra necessária há muitas décadas. A Copa do Mundo de 2014 está a fazer com que a obra aconteça sem cautela, sem tranquilidade e sem o respeito devido da vontade e dos direitos dos moradores atingidos.

O Ato no Largo Glênio Peres, que questionou os efeitos da Copa de 2014, defendeu como pauta: a paralisação imediata de todas as remoções até que se abra um diálogo com as comunidades envolvidas, se construam as unidades habitacionais na mesma região/local como no caso das 1.500 famílias atingidas pela duplicação da Av. Tronco e pelas mais de 2.000 que vivem em torno da Arena do Grêmio; e a investigação imediata e repúdio ao incêndio na Vila Liberdade e à ação efetiva da especulação imobiliária na região.

O coletivo Largo Vivo dinamizou o ato, que começou às 18h30min, com shows de rock a partir das 20h. O coletivo é responsável pela ocupação de vários espaços públicos em Porto Alegre.

Contra a criminalização dos movimentos sociais, a entrega de áreas públicas à iniciativa privada, a exploração sexual, a privatização dos espaços públicos, por justiça ambiental e pela demarcação imediata das terras dos povos indígenas Terena, Guarani Kaiowá e demais povos originários e Quilombolas, o movimento Ocupa Árvores, a Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas e o bloco de luta contra o aumento da passagem juntaram-se ao ato que foi observado de perto pela Brigada Militar, mas decorreu sem violência. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

AEIs: Atingidos por obra na Tronco serão realocados na mesma região


Após muita pressão e mobilização dos  moradores e do Comitê Popular da Copa, os vereadores de Porto Alegre aprovaram, nesta segunda-feira (24/6),
 projeto de lei do Executivo que institui Áreas Especiais de Interesse Social (Aeis) na Vila Tronco e define regime urbanístico que visa atender à Demanda Habitacional Prioritária (DHP) e aos reassentamentos vinculados às obras da Copa de 2014. Pela proposta, os moradores de terrenos limítrofes à Avenida Tronco, que terão de sair em decorrência da ampliação da via, serão realocados na mesma região.

Segundo o Executivo, as novas casas serão construídas na região da Vila Tronco para atenuar o problema de adaptação da comunidade que há muitos anos reside no local. "Estas sairão de uma situação de informalidade para se integrarem definitivamente ao sistema oficial da cidade”, justifica o governo municipal na exposição de motivos do projeto.

A prefeitura explica que a readequação dos moradores ocorrerá a partir do Programa Minha Casa, Minha Vida. “Para tanto, é necessário serem identificadas como Aeis e, por leis autorizativas específicas, serão doadas à Caixa Econômica Federal, em nome do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), com a seleção das empresas que executarão as obras, efetuada em Editais de Chamamento pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab)”, determina.

O projeto foi aprovado pelos 31 vereadores presentes, assim como a emenda 6, construída pelas bancadas. Por acordo de líderes e da Mesa Diretora, cinco emendas anteriores foram retiradas. Diz a emenda 6: "As áreas objetos da presente lei destinar-se-ão, prioritariamente, para o reassentamento das famílias atingidas pelas obras da Avenida Tronco e, posteriormente, para as demandas de habitação e regularização fundiária do Orçamento Participativo das regiões Glória, Cruzeiro e Cristal, através do Programa Minha Casa, Minha Vida, para famílias com renda na Faixa I do programa."

Com informações da Câmara de Vereadores de Porto Alegre

sexta-feira, 14 de junho de 2013

COPA PRA QUEM? - Tribuna Popular da Copa: julgando o AI6

Data: 14/06 (sexta feira)
Hora: 18h
Local: largo Glênio Peres / Porto Alegre
 

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/169338926575489/

Aproxima-se a Copa das Confederações, mais um daqueles eventos organizados pela FIFA que manipulam a paixão do povo brasileiro pelo futebol para gerar e canalizar uma enxurrada de dinheiro para grandes empresas, além da própria FIFA, convertida há muito tempo em balcão mundial de negócios relacionados ao futebol. Mas a FIFA e suas empresas não agem sozinhas: tem ao seu lado os governos municipais, estaduais e o federal, que permitem, facilitam e participam do jogo no mesmo time: o do capital.

As empresas, especialmente as patrocinadoras da Copa 2014, produzem aquelas propagandas muito caras e bem produzidas, projetando uma situação de euforia generalizada, em que brasileiros e brasileiras de todas as classes sociais e gerações se juntam numa “corrente pra frente” de otimismo. A “grande” mídia, que ganha muita grana com a transmissão dos grandes eventos esportivos, vende muito caro o espaço em televisão, rádio, revistas, jornais etc. para essas empresas divulgarem suas propagandas de um “oba-oba” ganancioso. Numa dessas propagandas, as pessoas são convocadas a comparecer nas ruas para celebrar a Copa, sempre com muito entusiasmo e alegria.

Mas, nós, que amamos futebol, vibramos com um gol de nosso time e gostamos de festejar nas ruas, não somos idiotas e, por isso, não aceitaremos ser manipulados pela “máquina” de lucro da FIFA e das grandes empresas. E o pior é que essa “máquina” de lucro é sustentada por recursos do Estado brasileiro: o maior financiador da Copa e das Olimpíadas é, na verdade, um banco público - o BNDES, que utiliza dinheiro do Tesouro Nacional, do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do PIS/PASEP etc. Além do mais, duas outras empresas públicas também figuram como maiores financiadoras: Caixa Econômica Federal e Infraero. Assim, sem ser consultado, é o trabalhador quem financia a farra da Copa e das Olimpíadas.


Porém, os problemas trazidos pela Copa do Mundo vão muito além dos recursos públicos públicos envolvidos. Já são mais de 200 mil pessoas ameaçadas de remoção (muitas já removidas) em nome dos interesses das grandes empreiteiras e do mercado imobiliário. Mais que isso, a Copa representa militarização das cidades e violência policial; repressão a ambulantes e população de rua; corrupção; aumento da dívida pública; obras de necessidade e importância duvidosa; saúde e educação precárias; exploração sexual de mulheres, crianças e adolescentes; falta de acesso à informação e participação popular; estádios cada vez mais elitizados; leis de exceção; proibição de protestos e atividades culturais tradicionais. Esta é a verdadeira realidade por trás dos jogos. Portanto, existe um enorme processo que nega o nosso direito à cidade e precisamos lutar contra ele.
 

Este projeto, que visa atender a ganância por lucros dos grandes grupos econômicos em nome de um suposto desenvolvimento, é fortalecido quando se organiza megaeventos esportivos. Porém este processo não ocorre apenas nas grandes cidades, mas também em todos os outros megaprojetos, como a Usina Belo Monte, e quando se desrespeita o direito à terra dos povos indígenas, tendo em vista favorecer os interesses do agronegócio. Assim, nos solidarizamos com a luta dos povos indígenas e repudiamos a ação criminosa da Polícia Federal e as medidas dos governos estaduais e federal, que favorecem os latifundiários e negam o direito constitucional dos povos tradicionais e trabalhadores rurais à demarcação de terras e à reforma agrária.

Diante dessa situação inaceitável, compondo um ato nacional convocado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da COPA – ANCOP convocamos os trabalhadores e trabalhadoras a ocuparem as ruas! Não vamos nos calar e nos curvar a esse “oba-oba” que enriquece poucos e só piora as péssimas condições sociais da maioria dos trabalhadores brasileiros.

Diante dessa situação inaceitável, convocamos os trabalhadores e trabalhadoras a ocuparem as ruas! Não vamos nos calar e nos curvar a esse “oba-oba” que enriquece poucos e só piora as péssimas condições sociais da maioria dos trabalhadores brasileiros.

Pautas que defendemos:

1. CHAVE POR CHAVE: Paralisação imediata de todas as remoções até que se abra um diálogo com as comunidades envolvidas, se construam as unidades habitacionais na mesma região/local como no caso das 1500 famílias atingidas pela Av. Tronco e pelas mais de 2.000 que vivem no entorno da arena do Grêmio. Investigação imediata e repúdio ao incêndio na Vila Liberdade e a ação efetiva da especulação imobiliária naquela região. QUEREMOS A GARANTIA DE UMA MORADIA DIGNA! Aceleração dos processos de regularização fundiária em curso como no Caso do Morro Santa Tereza, efetivação da permanência definitiva das famílias na área da FASE!

2. NÃO À EXPLORAÇÃO SEXUAL: Plano imediato de proteção e fortalecimento dos direitos das mulheres, crianças e adolescentes, contra a exploração sexual;

3. GARANTIA DE TRABALHO para todos os trabalhadores ambulantes e pequenos comerciantes e condições dignas para trabalhadores da construção civil; Repudio total ao trabalho semi escravo que vimos denunciado pelos trabalhadores da Arena e do Beira Rio.

4. NÃO À PRIVATIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS PÚBLICOS, reversão da privatização do maracanã e retomada dos espaços públicos entregues a iniciativa privada em Porto Alegre, como o gasômetro, o Largo Glênio Peres e o Araújo Viana.

5. NÃO À ENTREGA DE ÁREAS PUBLICAS À INICIATIVA PRIVADA. Reversão imediata das áreas publicas entregues a iniciativa privada, como é o caso das Cocheras do Jocquey e no caso das já ocupadas como o caso dos dois estádios e outras áreas, exigência de contrapartidas condizentes com a oneração publica e debatidas amplamente pela comunidade.

6. REPÚDIO À CORRUPÇÃO. Auditoria imediata das contas de todas as obras e investimentos públicos na Copa.

7. JUSTIÇA AMBIENTAL. Transparência nas licenças ambientais das obras. Publicização dos elementos que compões o inquérito que investiga a Operação Concutare onde foi preso Fernando Zacher secretário do meio Ambiente de Fortunatti! Paralização do corte deárvores que são consideradas importantes para o conjunto da sociedade de Porto Alegre.

8. NÃO À CRIMINALIZAÇÃO: Garantia da liberdade de expressão, organização e manifestação durante todos os dias do ano, especialmente durante a Copa, em todos os espaços e vias públicas!! Repúdio a violência da Brigada Militar no caso da desocupação do acampamento que defendia o corte de árvores, no caso do TATU, à repressão aos Artistas e aos moradores em situação de rua. Divulgação das informações que compõe o inquérito que criminaliza militantes do Bloco Pelo Transporte Público imediato arquivamento e retirada do mesmo!

9. DEMARCAÇÃO imediata das terras dos povos indígenas Terena, Guarani-Kaiowa e demais povos originários e Quilombolas.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Chave por Chave caminha com milhares pelo passe livre em Porto Alegre


Moradores e lideranças comunitárias do Cristal e da Cruzeiro e o Comitê Popular da Copa Porto Alegre participaram, juntamente com outros milhares, de mais um ato pelo passe livre na Capital. O ato é nacional e também ocorreu em outras cidades brasileiras.

Desta vez, decidimos levar a Campanha Chave por Chave para a mobilização. Afinal, a luta não é só por 20 centavos, mas pelo respeito aos nossos direitos (seja de ir e vir, seja de moradia, de saúde e de educação públicas e de qualidade) e por mais e mais avanços e conquistas para o povo.

Algumas imagens dessa noite:





 Crédito das fotos: Leandro Anton/ Quilombo do Sopapo

quarta-feira, 12 de junho de 2013

16 de Junho, tem reunião para organizar mobilização pela votação da AEIs da Tronco. Não esqueça!

No dia 16 de Junho (DOMINGO), às 16h, na Escola Estadual Alberto Bins (Avenida Tronco, 150), acontece a reunião das comunidades para organizarmos a mobilização da próxima quarta-feira (19/6) na Câmara de Vereadores. A hora é de pressionar os vereadores a votarem as AEIs (Área Especial de Interesse Social), que a as próprias lideranças e a população procuraram e elencaram como sendo possíveis de receberem nossas moradias.

Podemos sim permanecer vivendo na região. Vamos pra cima! Chame teus vizinhos e amigos para a reunião!


Veja abaixo o boletim que está sendo distribuído pelo Comitê Popular da Copa, falando sobre o assunto e chamando todo mundo para a mobilização. Bora lá!