sábado, 21 de janeiro de 2012

Comitês Populares da Copa de todo o Brasil fazem ato no Aeroporto Salgado Filho



Foto: Rodrigo Nunes/ Comitê Popular da Copa Porto Alegre

“A Copa do Mundo é nossa, mas com despejo não há quem possa.” Com essa e outras palavras de ordem, os representantes de Comitês Populares da Copa de todo o país que chegavam ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, iam se juntando à manifestação contra as remoções causadas pelas obras da Copa do Mundo, chamou a atenção de todos os que estavam no aeroporto nesta manhã de sábado, 21/01. O ato foi organizado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, que se reúne neste final de semana em Porto Alegre para fazer um balanço do ano de 2011 e projetar os passos conjuntos a serem tomados em 2012.
Para além do fato de que aquele era o horário em que estariam chegando as pessoas que vinham para a reunião , a manifestação, que contou com o apoio do Sindicato dos Aeroviários, buscava conectar a luta das comunidades atingidas pela Copa a outras questões – especificamente, o tema da privatização e precarização do trabalho nos aeroportos. Mas qual ligação há entre as duas coisas?
Fora o vínculo direto – preparar-se para o fluxo de turistas na época da Copa está sendo usado como argumento para privatizar os aeroportos –, os participantes do ato salientam o fato de que tanto remoções quanto privatização e precarização são manifestações de um mesmo processo. “Nos dois casos, temos uma intervenção do Estado para garantir a privatização do lucro nas mãos de grandes empresas, enquanto os custos e prejuízos são socializados, quer dizer, pagos pela população – seja na forma de impostos, seja pela perda de sua moradia, seja pela perda de direitos trabalhistas”, disse Thiago Hoshino, do Comitê Popular da Copa de Curitiba. “Privatização é tanto a venda dos aeroportos para investidores privados quanto você pegar uma área onde centenas de famílias vivem há décadas para entregá-la na mão de construtoras, expulsando as pessoas para bairros distantes e sem infraestrutura. Precarização do trabalho se vê tanto aqui no aeroporto como entre os operários que estão construindo a Arena do Grêmio”. 

Foto: Kátia Marko/ Comitê Popular da Copa Porto Alegre
A referência ao novo estádio do clube porto-alegrense arrancou aplausos de pessoas, não se sabe se gremistas ou coloradas, que assistiam ao ato e liam os panfletos que iam sendo distribuídos. Claudia Favaro, do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre, acrescentou mais elementos locais: “Mas por que a gente quase não ouve falar dos abusos contra os trabalhadores, seja aqui na Arena do Grêmio, seja na Usina Hidrelétrica de Jirau, lá na Amazônia? Porque as construtoras e as grandes empresas de comunicação têm muitos interesses em comum. Um exemplo disso é que o Grupo RBS é dono da Maiojama, construtora que teria ficado com o Morro Santa Tereza se não fosse a organização dos moradores do morro ter evitado a venda criminosa que o governo Yeda tentou fazer.”
Após a manifestação, os representantes dos Comitês Populares se dirigiram ao Centro de Formação Sepé Tiarajú, espaço do MST localizado em Viamão, onde se reunirão pelos próximos dois dias. Na segunda, 23/01, eles farão uma visita às comunidades atingidas pela Copa em Porto Alegre, um debate público sobre Megaeventos e Estado de Exceção às 18h, na Praça da Matriz, e uma coletiva de imprensa no terça, 24/01, às 10h30, no Assentamento Urbano Utopia e Luta.

 Foto: Kátia Marko/ Comitê Popular da Copa Porto Alegre

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