sexta-feira, 11 de outubro de 2013

1 Ano da Batalha do Tatu: Defesa Pública da Alegria volta à Praça Montevidéu e relembra queda do mascote da Copa

Do Portal Sul 21


 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Manifestantes recordaram ato de outubro de 2012 nesta quinta-feira (10) | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Samir Oliveira, Iuri Müller e Ramiro Furquim
Pouco mais de um ano depois do ato que marcou a origem do coletivo Defesa Pública da Alegria, dezenas de pessoas voltaram a se reunir entre o Largo Glênio Peres e a Praça Montevidéu, em Porto Alegre para questionar a privatização dos espaços públicos e as consequências da realização da Copa do Mundo. Diferentemente de outubro de 2012, quando muitos manifestantes acabaram agredidos pela Brigada Militar, a mobilização desta quinta-feira (10) se estendeu até o início da madrugada sem incidentes.
O Defesa Pública da Alegria foi criado a partir de movimentações já existentes, como o Largo Vivo, ocasião em que o Largo Glênio Peres era ocupado por intervenções culturais e espaços para discussão. No entanto, desde o primeiro ato buscou denunciar a política municipal no que diz respeito às remoções na Zona Sul de Porto Alegre, a entrega de áreas públicas da cidade à iniciativa privada e o cercamento de lugares como o auditório Araujo Viana, no Parque da Redenção.
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Protesto há um ano resultou na criação do movimento Defesa Pública da Alegria | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Naquele dia 4 de outubro, o ato teve um desfecho inesperado quando, por volta das 23h30min, a Brigada Militar reprimiu manifestantes que se aproximaram do mascote da Copa do Mundo, um tatu-bola inflável. Em meio ao enfrentamento, que resultou em perseguições pelas ruas do Centro e vários feridos, o boneco foi desinflado. O relatório da Ouvidoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública apontou que naquela noite a violência foi iniciada pela Brigada Militar e pela Guarda Municipal.
Após a batalha campal, que anteciparia os confrontos que seriam vistos nas manifestações de junho de 2013, outras duas manifestações foram realizadas em outubro de 2012 para questionar a violência policial. Desde então, o coletivo esteve presente em outros fatos políticos da cidade, como nos protestos contrários ao corte de árvores nas cercanias da Usina do Gasômetro. Nesta quinta-feira (10), cerca de duzentas pessoas participaram do evento.
Com faixas e cartazes, defenderam a desmilitarização das polícias brasileiras e gritaram que “não vai ter Copa” em 2014. Um ano depois, o Defesa Pública da Alegria outra vez reuniu músicos locais e buscou debater a conjuntura política da cidade. Caleb Faria Alves, professor do departamento de Antropologia da UFRGS, abriu a roda de discussão com um depoimento sobre a efervescência política que resultou de um contexto de decepção com as vias institucionais. Os manifestantes permaneceram na rua até o início da madrugada desta sexta-feira.

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Militantes recordam protesto de 2012 e afirmam que repressão unificou coletivos
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“Guardo aquele dia como um dia de ternura e de horror”, recorda Camila | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O que aconteceu na noite do dia 4 para o dia 5 de outubro de 2012 em Porto Alegre ainda repercute no imaginário de quem vivenciou aquele momento. No ato desta quinta-feira (10), reportagem do Sul21 conversou com quatro militantes que estavam presentes no protesto há um ano. Pelo menos uma opinião é compartilhada por todos: a repressão desencadeada naquele dia por parte da Brigada Militar acabou unificando diversas pessoas e coletivos que até então não haviam estreitado relações.
Um dos casos mais simbólicos é o de Camila da Costa Silva. Seu rosto ficou eternizado na fotografia em que aparece com as mãos ensanguentadas e o olhar atordoado na noite do dia 4 de outubro de 2012.
Naquele momento, a advogada estava socorrendo um amigo que estava com a cabeça sangrando após ter sido agredido pela Guarda Municipal. “Guardo aquele dia como um dia de ternura e de horror. Nos reunimos para fazer uma manifestação artística, em clima de festa, com muita gente trocando afeto na rua, e terminou com uma violência policial brutal, excessiva e desnecessária em defesa de um boneco de plástico”, recorda.
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Fred Nicholson considera que defesa dos espaços públicos permanece na pauta das mobilizações | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O estudante de Jornalismo Pepe Martini também estava no ato há um ano e observa que aquela manifestação já vinha de um acúmulo em relação a diversas pautas que mobilizavam os coletivos da cidade. “A prefeitura promovia várias intervenções que ainda consideramos maléficas. Boa parte dos bares populares da Cidade Baixa foram fechados. A SMIC parecia uma instituição policial”, afirma.
O músico Ricardo Bordin – assim como muitos dos presentes – foi um dos agredidos pela Brigada Militar. “Seis brigadianos me cercaram, me derrubaram no chão e me bateram com cassetete. Fizeram tudo em cinco segundos e foi suficiente para eu ter tido uma fratura exposta num dedo. O cotovelo dói até hoje”, resume. Ele considera que aquele ato possibilitou a aglutinação “de diversos segmentos políticos da esquerda”. “A violência policial acabou unificando distintos segmentos”, entende.
Fred Nicholson, formado em Comunicação Social, acredita que aquela noite “definiu muita coisa que aconteceu na cidade depois”. Ele avalia que a defesa do espaço público continua sendo uma bandeira forte em diversos movimentos. “O Defesa Pública da Alegria era um ato e acabou se transformando em um movimento. É na rua, no espaço público, que nos tornamos indivíduos sociais”, explica.
Veja mais fotos da manifestação desta quinta-feira:
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
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