sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Em Salvador (BA), Comitês Populares da Copa traçam próximas lutas

Lideranças da comunidade de Saramandaia, em Salvador.
A comunidade, com 36 mil pessoas, ameaçada de remoção
pela "Linha Viva", projeto da prefeitura de ACM Neto.
Três mil famílias estão na mira dessa rodovia,
de mais de 80km. Foto: Claudia Favaro
Aconteceu, entre os dias 20 e 23 de Setembro, mais uma reunião da ANCOP (Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa) em Salvador (Bahia). Estiveram presentes dois representantes dos 11 comitês populares da Copa.

Os trabalhos iniciaram com um seminário sobre mulheres e a Copa do Mundo, realizado pelo Comitê Popular da Copa de Salvador e a Odara - organização baiana voltada aos direitos humanos, especialmente a problemáticas das mulheres negras. A atividade contou com diversas lideranças comunitárias de Salvador, e fez análises produtivas sobre os impactos da Copa do Mundo FIFA na vida das mulheres e LGBTs ( lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).

A reunião também fez uma avaliação das ações da jornada de lutas de Junho - Copa pra Quem?, que junto com o tema da mobilidade urbana e do passe livre levaram milhões às ruas durante a Copa das Confederações. Em todas as capitais que receberam os jogos houve mobilização; em boa parte delas, a polícia e os governos reprimiram com violência.

Foi consenso, entre os comitês populares da Copa, de que não podemos ser a favor de uma Copa que viola direitos. Não há mais dificuldade de ter uma posição como essa no "país do futebol". Nas mobilizações de rua de Junho, eram comuns os gritos de "FODA-SE A COPA" e "NÃO VAI TER COPA", além dos pedidos para que investimentos da Copa fossem revertidos para a saúde e a educação.

No próximo período, a ANCOP, juntamente com os 12 comitês populares, farão uma campanha importante contra a FIFA e suas corporações, a fim de mostrar os impactos sociais e econômicos do evento e desmascarar a rede de favorecimentos e de lucratividade de empresas, empresários e até mesmo de alguns governos com a Copa. Fique atento!

No encontro, foi realizado ainda um debate bem contundente sobre o papel do GT Moradia, criado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O GT visitou as cidades-sedes há quase um ano e sequer um relatório foi publicado - além de imenso desrespeito às famílias atingidas, que não viram nenhuma ação por parte do governo federal para, pelo menos, reduzir os impactos das obras da Copa.

A ANCOP se retira do GT e repudia a morosidade dos espaços de participação, que hoje estão institucionalizados nas esferas de governo e que não dão aos cidadãos brasileiros resposta aos seus anseios, nas suas atividades mais básicas.

Em Março de 2014 acontecerá, em Fortaleza (Ceará), um Encontro dos Povos Atingidos pela Copa do Mundo e suas obras. O objetivo é avaliar as atividades que acontecerem até lá e programar os próximos passos.


Com informações de Claudia Favaro, Fernando Campos Costa e Adriane Lacerda Carvalho, integrantes da ANCOP e representantes do Comitê Popular da Copa Porto Alegre no encontro

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