O Comitê Popular dos Atingidos pela Copa participou ativamente de mais
uma marcha em Belo Horizonte pelos direitos do povo, contra as violações e
privatização do espaço público em decorrência da realização do megaevento Copa
das Confederações FIFA.
A marcha decorreu de forma tranquila e pacífica até a Avenida Abraão
Caram, quando um conflito de grandes proporções se instaurou entre
manifestantes e polícia militar. Os manifestantes de movimentos sociais e do
COPAC fizeram um cordão humano para isolar o acesso à barreira imposta pela
FIFA e pelo Governo do Estado, mas algumas pessoas tencionaram a barreira
física e a polícia revidou sobre toda a manifestação lançando bombas de “efeito
moral”, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Consideramos que o fato de as
pessoas haverem tencionado a barreira da FIFA se relaciona à revolta da
população com a realização de megaeventos de forte caráter privatista e
elitista em um país marcado por tantas desigualdades sociais e necessidades
prioritárias. Repudiamos, sim, a barreira imposta que é ilegítima, pois cerceia
a população dos espaços da cidade em favor da volúpia lucrativa da FIFA e das
empresas a ela associadas.
Repudiamos também a violência com que a polícia reprimiu a manifestação,
uma vez que tinha plena condição de resistir às provocações de poucos
manifestantes para não violar todos aqueles que saíram as ruas para lutar pelos
seus direitos. Temos suspeitas, inclusive, da presença de policiais infiltrados
incitando a violência para justificar uma posterior ação que visa dispersar a
manifestação.
Não consideramos que os chamados “atos de vandalismo” justifiquem uma
ação de repressão que coloca a vida das pessoas em risco. O COPAC, embora não
promova nem estimule ações diretas contra o patrimônio, não aceita a
dicotomização realizada pelo estado e pela mídia entre vilões e mocinhos. Como
espaço agregador de diferentes coletivos, movimentos e grupos de atingidos pela
Copa, entendemos como válidas as diversas formas de manifestação da indignação
coletiva que visem objetivos progressistas e não promovam a violência direta
contra as pessoas. Não confundimos pacificidade com passividade.
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