A Associação Atletas pela Cidadania, lançou no dia 17/07 um manifesto sobre os megaeventos esportivos que aponta a falta de legados para o país.
A
entidade é hoje presidida por Ana Moser e dela fazem parte esportistas
como Mauro Silva, Cafu, Raí, Lars Grael, Magic Paula, Fernando Meligeni,
Gustavo Borges, Joaquim Cruz e muitos outros
Leia abaixo o manifesto na íntegra, que procura ecoar a voz das ruas nos protestos de junho que abalaram o Brasil:
“Há mais de dois anos, a associação Atletas pela Cidadania vem tentando chamar a atenção do governo para a importância de uma agenda de um legado dos grandes eventos esportivos.
Copa
e Olimpíadas têm um valor inegável para o país que as recebe, mas
somente se tornam uma oportunidade efetiva quando a prioridade do
interesse público é a regra e quando existam propostas concretas de
Legado Esportivo e Social.
O interesse público e a transparência
têm que prevalecer em todas as ações: nas obras, construções,
intervenções sociais ou investimentos públicos e privados. Mais do que
isso: todos os recursos gerados pelos eventos devem ser destinados ao
desenvolvimento social e econômico do país, chegando de forma positiva
na vida das pessoas.
Nós, Atletas pela Cidadania, somos
contra a destinação de recursos públicos para benesse de alguns, as
remoções que violam os direitos humanos, a corrupção e a falta de
transparência nas decisões e nas contas. Tudo isso é contra o espírito e os valores do Esporte.
Acreditamos nos valores positivos do Esporte e sabemos do seu impacto no desenvolvimento do país. O Esporte é direito de todos os brasileiros. Melhora a saúde e a qualidade de vida, diminui a evasão escolar, aumenta o desempenho dos alunos.
Repetimos: há mais de dois anos
apresentamos uma agenda positiva ao país, com dois pontos centrais para o
Legado Esportivo e Social da Copa e das Olimpíadas: o Esporte acessível
a todos os brasileiros e a urgente revisão do Sistema Esportivo
Nacional. As diretrizes são claras. Limitar o
mandato de dirigentes esportivos, definir os papéis e integrar os entes
federativos, abrir à participação democrática de atletas, qualificar
educadores e profissionais esportivos permanentemente, ampliar a
infraestrutura esportiva pública.
São medidas para
garantir o acesso ao Esporte para todas as pessoas, de norte a sul. Além
de desenvolver a cultura esportiva no país e levar os benefícios do
Esporte a todos. E como consequência natural, também melhorar o esporte
de alto rendimento e suas conquistas.
Felizmente, o país
hoje clama por mudanças. A agenda pública deve se balizar pelo que seu
povo decide e não só pelo que seus governantes acreditam que sejam as
prioridades. O dia a dia do poder tem afastado a máquina pública do
interesse público. Vivemos uma crise da democracia representativa, cuja
solução está em ouvir diretamente os detentores reais do poder – o povo.
Queremos ser ouvidos e por isso solicitamos:
1.
A criação de um comitê interministerial para a reestruturação da
legislação do sistema esportivo nacional e a criação de um Plano
Nacional de Esporte. Com metas, estratégias, métricas de avaliação e
resultados claros. Um comitê com participação da sociedade, com voz e
voto, liderado pela Presidência da República.
2.
Aprovação de legislação que dispõe sobre as condições necessárias para
as entidades do Sistema Nacional de Esporte receberem recursos públicos
(emenda nº à MP 612 e emenda nº à MP 615).
3.Total transparência
dos investimentos e das apurações referentes às denúncias de violações
de direitos humanos nos grandes eventos esportivos, como exploração
sexual infantil, remoções sociais forçadas, sub-emprego”.
Informações sobre a Associação Atletas pela Cidadania você encontra em http://www.atletas.org.br/
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