Iuri Müller
Previstas, em um primeiro momento, para serem finalizadas até junho do próximo ano, boa parte das obras para a Copa do Mundo de 2014 só ficará pronta após a realização do Mundial. Com dificuldades na realização de diversas transformações urbanas, a Prefeitura de Porto Alegre passou a buscar outra forma de garantia: a da manutenção dos recursos do governo federal para que as obras possam ser inauguradas mesmo após a competição.
No dia 12 de junho, exatamente um ano antes do início da competição, a Prefeitura de Porto Alegre realizou um tour para apresentar o andamento das modificações na cidade para a imprensa. À frente, esteve o prefeito José Fortunati (PDT), que se mostrou confiante com a adequação de grande parte das obras para a primeira quinzena de junho do próximo ano. Como ressalva, já havia sinalizado o atraso na construção das moradias para as famílias removidas da Vila Cruzeiro, que não começaram a ser erguidas mesmo 50 dias após a visita.
Em entrevista ao Sul21, o secretário de Gestão da Prefeitura de Porto Alegre, Urbano Schmitt, comentou sobre a situação de distintas obras – como a criação do sistema dos ônibus BRT’s (Bus Rapid Transit), o atual estágio das remoções e da duplicação da Avenida Tronco e as alterações nos acessos ao Estádio Beira-Rio, sede da Copa do Mundo. Além disso, Porto Alegre deve receber modificações em vias do Centro da cidade, que buscam conter antigos transtornos no tráfego de veículos.
Porto Alegre busca recursos do PAC Mobilidade Urbana para garantir obras na cidade mesmo após o início da Copa
Com o atraso nas obras da Avenida Tronco, dos BRT’s e do viaduto da Avenida Plínio Brasil Milano, entre outras, a Prefeitura buscou readequar a forma de financiamento com o governo federal. “O governo federal propiciou os financiamentos, permitiu que o município tomasse recursos emprestados de forma mais adequada. Agora estamos dentro do chamado PAC Mobilidade, o que assegura os recursos mesmo após a Copa do Mundo”, afirmou Urbano Schmitt.
No portal do programa do governo federal, já constam três obras relativas ao sistema BRT – nas avenidas Bento Gonçalves, João Pessoa e Protásio Alves, com os respectivos terminais Antônio de Carvalho, Azenha e Manoel Elias. Segundo Urbano Schmitt, “os BRTs estão se projetando em sequência. O primeiro passo foi a licitação dos corredores de ônibus e da pavimentação, que é um trabalho lento e com impacto na mobilidade”.
O próximo processo, para o secretário, deve ser a finalização dos projetos de estações e terminais – que não devem estar prontos até o começo da Copa do Mundo. Para Schimitt, “a substituição das placas de concreto e da pavimentação dos corredores, quando terminados, já nos ajudam muito no contexto da mobilidade urbana”, relativizou. Segundo o secretário, “outras cidades também optaram por essa forma (de financiamento). Porto Alegre era a cidade que tinha o maior número de obras previstas para a mobilidade urbana, mas situações semelhantes ocorreram em São Paulo e outros lugares, com a adequação ao PAC Mobilidade”.
A Prefeitura garante que os novos prazos e condições não devem alterar o custo inicial dessas obras – e afirma que, se houvesse a necessidade de completar as duplicações, construções de viadutos e mudanças nas vias antes do Mundial, então provavelmente o valor das obras aumentaria em relação ao prognóstico inicial. “Se essas obras precisassem ser agilizadas agora, com trabalho à noite em alguns locais, deveriam aumentar os custos. Tendo migrado para o PAC Mobilidade, isso não vai acontecer”, declarou Urbano.
Prioridade é o entorno do Estádio Beira-Rio; situação dos moradores da Avenida Tronco permanece indefinida
Ainda que Porto Alegre tenha diversas obras inacabadas em 2014, a Prefeitura aposta na finalização dos projetos próximos ao Estádio Beira-Rio para garantir o acesso do público aos jogos. A duplicação da Avenida Beira-Rio e a construção do viaduto Pinheiro Borba, além da reforma do próprio estádio, que ganha nova cobertura, devem estar concluídas até o próximo mês de junho. No Centro da cidade, o viaduto da Avenida Júlio de Castilhos, segundo o Executivo municipal, também ficará pronto.
Na Zona Sul de Porto Alegre, no entanto, o ponto mais sensível das transformações urbanas da cidade segue sem garantias imediatas para a população diretamente envolvida. A duplicação da Avenida Tronco, na Vila Cruzeiro, prevê a remoção de 1.500 famílias do bairro e, na semana passada, a reportagem do Sul21 relatou que menos de um terço dos moradores tiveram a situação definida até o momento.
Da mesma maneira com que as famílias que optaram pelo aluguel social não devem ter as novas moradias prontas até junho de 2014, a duplicação da avenida tampouco deverá ser concluída para o Mundial. Para Urbano Schmitt, “na Avenida Tronco a questão social está acima da questão da engenharia, e é preciso considerar isso”. Para o secretário, a Prefeitura demorou a encontrar empresas interessadas na construção das novas moradias, o que só ocorreu há poucos dias. Ainda assim, o município “nesta fase depende da Caixa Econômica Federal, sendo impossível estipular um prazo” para as casas saírem do papel.
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