segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pesquisa mostra que brasileiro fica descrente com Copa

Por Erich Beting

Os protestos que eclodiram pelo Brasil às vésperas do início da Copa das Confederações, em junho passado, tiveram um impacto direto na imagem do torneio e da Copa do Mundo na mente do brasileiro. A conclusão, que se antes era perceptível pelas conversas no dia a dia, agora está em números.

Na próxima semana a empresa de informação e pesquisa Nielsen vai divulgar um relatório sobre a relação dos consumidores com a Copa das Confederações e os patrocinadores do evento. O blog obteve em primeira mão alguns dos resultados desse levantamento. 
Os resultados são alarmantes para as empresas que pretendem trabalhar sua comunicação para o Mundial de 2014.

A pesquisa foi rodada em julho, após o término do torneio e com o Brasil campeão, nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações (Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador) e também na cidade de São Paulo, a maior do país. Ao todo foram ouvidas 1.420 pessoas, que falaram sobre o apoio ao evento e às marcas, os hábitos durante a realização dos jogos e o que se lembravam das ações das empresas ligadas ao torneio.


De acordo com a Nielsen, a batata da Fifa assou. E, mais ainda, dos seus patrocinadores.

Na comparação com setembro de 2012, quando a mesma pesquisa foi feita, o brasileiro ficou muito mais desinteressado em relação ao evento e, pior, mais insatisfeito.


Em 2012, 71% das pessoas apoiavam a realização da Copa das Confederações. Após o torneio, o índice caiu para 45%. Pior ainda foi a sensação da relação custo-benefício em organizar a competição. Sendo o “Padrão Fifa” uma das bandeiras levantadas durante os protestos, naturalmente o brasileiro sentiu que o custo de realizar o evento seria muito alto. Se, em setembro do ano passado apenas 33% da população achava que a relação custo-benefício seria ruim, a percepção depois que a competição passou foi ainda pior.
 Para 61% dos entrevistados, o dinheiro empregado para fazer o torneio não valeu a pena.

A queda mais acentuada no otimismo do brasileiro em relação à Copa do Mundo, porém, se deu naquilo que é o mais atraente para o mercado ao se associar a competição: o engajamento do torcedor com as marcas patrocinadoras. Para o consumidor, esse foi o item que mais mudança aconteceu.

Em setembro de 2012, 67% dos entrevistados diziam que apoiavam as marcas patrocinadoras da Fifa. Em julho de 2013, já sob efeito dos protestos, o índice caiu para alarmantes 32%. Sim, é isso mesmo! Se, antes de o primeiro evento-teste da Fifa ser realizado,  dois terços da população estavam ao lado das marcas patrocinadoras, agora o índice caiu pela metade.


Pior ainda é a associação direta – e negativa – que as pessoas começam a fazer entre a marca e o evento. Em 2012, apenas 3% dos entrevistados achavam que era ruim uma empresa apoiar a Copa. Em julho último, este índice saltou para 22%. Isso traz outro impacto direto que foi medido pela Nielsen. Diminuiu também a vontade de comprar produtos dos patrocinadores oficiais da competição. Em 2012 o índice era de 58% e, agora, é de 31%.


A ida do brasileiro às ruas deixou diversos pontos de interrogação na cabeça de todos. Está claro que temos diversas reivindicações a serem feitas, cada qual com seu sentimento isolado. Se, antes de a Copa das Confederações começar, o alvo foi o aumento nas tarifas de transporte público, agora já são diversos e distintos motivos que levam o brasileiro a reclamar.


O grande ponto que se coloca é o que vai acontecer dentro de um cenário de Copa do Mundo, em que geralmente a cobertura da mídia é muito maior e o estardalhaço feito contra os gastos ligados à competição também.


Nesse último mês desde o término da Copa das Confederações, as marcas começaram a trabalhar o planejamento para 2014. O grande ponto de interrogação é saber qual será o comportamento do brasileiro em relação à Copa, à Fifa, etc. Pela pesquisa da Nielsen já dá para saber que há um problema pela frente, que é fazer o torcedor querer a marca mesmo com toda a situação que se apresenta no país.


Nesse sentido, a própria realização da Copa das Confederações como um evento-teste ajudou. Se, antes de o torneio começar, a preocupação era com o time brasileiro, e não com o país, agora os papéis se inverteram. Ficou claro que, dentro de campo, o torcedor comprou a seleção. A chave é trabalhar isso daqui até 12 de junho de 2014.

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