A Polícia gaúcha, numa mostra de eficiência, já aponta um responsável pelo incêndio nos alojamentos dos trabalhadores. Um rapaz de 22 anos, de São Paulo. Irá indiciá-lo por vários crimes. Será que o mesmo acontecerá com a construtora OAS pelas más condições dos alojamentos e de trabalho no local, como já denunciaram reportagens??
Matéria do Do Sul 21
Operários da Arena deixam RS assustados e criticando investigação
Situação levou vereadores a visitarem o canteiro de obras da Arena do Grêmio | Foto: Ramiro Furquim/Sul21 |
Boa parte dos cerca de 150 operários que pediram demissão da obra da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, deixou o Rio Grande do Sul ainda na noite desta quarta-feira (5). Por volta das 21h, um grupo deixou a capital gaúcha de ônibus, rumo a vários Estados do Nordeste. No início da noite, o Sul21 conseguiu conversar com três deles na estação. Oriundos de Teresina, Piauí, eles estavam assustados com o incêndio nos alojamentos e irritados pela desconfiança da polícia e da empresa, aliada à falta de respaldo do sindicato da categoria de trabalhadores da construção pesada.
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Os três nem bem haviam se adaptado a Porto Alegre quando aconteceu a morte por atropelamento de um operário e o incêndio, que automaticamente foi atribuído a operários indignados. Diante dos acontecimentos, preferiram voltar logo para casa. Ficaram apenas 23 dias em Porto Alegre. “Aconteceu uma vez, pode acontecer outra”, disse Edvaldo. “Ficamos abalados, com medo. Vai que alguém toca fogo enquanto estivermos dormindo, à noite? Graças a Deus não aconteceu nada assim”, afirmou Antônio.
A imputação do incêndio a operários também incomodou os três. “Ninguém tem certeza do que aconteceu. Ninguém pode confirmar ainda quem foi responsável pelo incêndio”, afirmou Antônio. Eles criticaram a OAS, empreiteira responsável pelas obras, e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada do RS (Siticepot-RS). “O sindicato é fraco”, disse um terceiro, que não quis se identificar, insinuando que a entidade não ficou do lado dos operários. “Enquanto existir OAS não me chamem”, brincou Edvaldo. “Eles pensam que não, mas têm muitas firmas que precisam da gente”, completou.
Apesar disso, os operários ressaltam que não havia um clima de animosidade com a empresa, nem fazem queixas às relações que mantinham com os empregadores. Eles afirmam que tinham chegado há pouco tempo e não sabem se houve algum problema anterior.
As críticas residem no fato de terem se sentido responsabilizados pelo incêndio e se concentram ainda mais na ação da Polícia Civil, responsável pela investigação do incêndio. “A ação da polícia incomodou. Tratou a todos como se fossem criminosos. Acredito que estamos sendo perseguidos até aqui na rodoviária”, disse Antônio.
Outro grupo de três operários que iam para a Bahia descansava dentro de uma van estacionada em frente à rodoviária. Abordados pela reportagem, eles evitaram dizer qualquer coisa sobre os motivos que os fizeram deixar a obra.
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